Versos
Versáteis
Composições
e Arranjos
Parte I – Das Rimas.
Nas canções de Gil de Abreu
podem ser observados vários estilos de rimas, quanto à métrica e à
fonética, mas na maioria das vezes ocorre a rima posicional
misturada, mas podem se observar também a ocorrência de paralelas,
de alternadas e de opostas. Em especial também se observa
experimentações com rimas não apenas soantes ou toantes mas
coincidindo quanto à sua classe gramatical, bem como rimas ricas e
preciosas.
Vejamos:
“Segura o coco pra ele
não quebrar
Tua cabeça quando o céu
cair
Quebrando
o galho do salgueiro um sabiá”
1ª estrofe de Corre Brasil
(posicional
A B A e experimental, métrica aguda)
“Ah
se eu pudesse ver agora
Como
seria diferente o meu viver
Se
eu pudesse estar sempre perto de você
Como
quer meu coração
Que
sem você
não sossega não
Esperando”
1ª
estrofe de Momentos da Paixão
(posicional
A A B B, métrica aguda)
“Uma
nascente cristalina
Banhou
de luz a solidão
E
a cantoria da menina
Enfeitiçou
meu coração
Que
nunca mais viu outro jeito
Senão
pular dentro do peito
Para
mostrar sua vontade
Que
era sair em liberdade
Só
pra desfazer toda a maldade
Que
a menina tinha feito”
2ª estrofe de Ciranda de
Vento
(A
B A B + A A B B B A, predomina métrica grave)
Parte
II – Das Figuras de Linguagem e recursos.
São encontradas algumas
figuras de linguagem nas poesias de Gil de Abreu que são
recorrentemente utilizadas para embelezar o contexto e também como
licença poética em virtude de uma necessidade sonora que atenda à
vontade compositora do autor.
Vejamos:
“Como
será que o
meu coração
Vai
encontrar
um novo amor,
Se
ele está dividido
em dois
E o pedaço bom você
levou?”
1ª estrofe de Coração
Metade
(recurso de deslocamento
acentual – prosódia)
“Quando
o Sol se pôr
E a Lua então se despir no
mar
Sem nenhum pudor
É que eu estarei a te
esperar
Pra te amar
Morena”
2º refrão de Morena
(modo verbal substituído e
deslocamento acentual)
“Frio
era o
vento
Que
ao soprar cantava
algo
Semelhante
a um delírio vindo do não
sei
Na condição das predições
sem luz”
2ª estrofe de Além da Lenda
(Prosopopéia e Metonímia)
Parte III – Da Inspiração
É mister que se entenda que
uma poesia não surge por acaso, por mais que não haja,
obrigatoriamente, um alvo, um motivo, um norte, toda construção
poética se vale de uma inspiração, de uma busca, de uma reflexão
do autor.
Músicas como Além da Lenda,
Morena, Naquele Instante e Terra Presente de Deus, tiveram fontes
inspiradoras, como a saga O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien,
uma bela moça caminhando na praia ao entardecer, uma tomada de
consciência pessoal, uma protesto em defesa da natureza e meio
ambiente respectivamente.
Já outras letras podem ser
inspiradas por momentos de reflexão onde o autor organiza suas
ideias e vai estabelecendo uma estrutura dentro de uma métrica
musical, coadaptando a uma melodia.
Vejamos:
“Houve
um tempo e que a vida era uma história sem começo
E essa história sempre
tinha o mesmo fim
Tudo o que eu podia ver não
era nada que eu queria
Mas eu só não podia
desistir”
2ª estrofe de Naquele
Instante
“ O
planeta todo clama pela paz
Necessita de amor e também
proteção
As florestas e os animais
sofrem tantas devastações
Não podemos permitir essa
destruição
Todos temos que mudar o
coração”
3ª estrofe de Terra Presente
de Deus
Parte IV – Do Impacto
Obviamente que um poeta quando
músico principalmente, pretende que seu trabalho seja sentido, uma
vez que a poesia mescla-se com a melodia de uma música, ela cria uma
grande força de impressão das mais variadas modalidades. O autor
não acredita em música sem impacto. O objetivo é que o expectador
esteja diferente do que estava antes de se deparar com a obra.
“Se
na areia eu puder o teu nome escrever
Que as ondas não apaguem o
poema que nascer...”
Versos 1 e 2 da última
estrofe de No Espelho das Águas
“Perto
de você eu me sinto criança
Querendo roubar, ingênuo,
um beijo seu
Eu não posso esconder o
quanto te amo
E o quanto quero ter você”
2ª estrofe de Perto de Você
“Mas
o que importa é que você ainda vive no meu coração...”
Último verso da última
estrofe de Tudo Passou
“Mas
agora não vou voltar ao passado
Pois eu sei que não há
mais nada para esquecer”
Versos 1 e 2 do refrão de
Apenas Amando.